Cristo e o Poder da Liderança

24/10/2015 16:01

 

Por Ernesto Berg

 

Chefiar é fazer os outros fazerem, diz um dos preceitos organizacionais mais consagrados. Liderar, no entanto, vai além disso, porque, como diz outro preceito, é saber como motivar as pessoas fazerem. Liderança, portanto tem duas faces: uma é saber motivar (a si mesmo e aos outros) e a outra é atingir resultados, dar o exemplo de conduta e saber conviver com os seus liderados. É o conceito do líder servidor.

 

Conheço muitos chefes (diretores, gerentes, supervisores) que possuem autoridade formal para mandar, mas não a capacidade de liderar. A autoridade é inerente à função de chefia, mas a liderança é inerente aos que tem competência interpessoal, e isso é mais do que muitos gestores sabem fazer. Perguntei certa vez a um gerente de indústria como andava seu relacionamento com os subordinados.

“Ah, muito bem”, respondeu ele. “ Eles não só me respeitam como também têm receio de mim,” concluiu. Que grande chefe, hein? Confundir liderança com autoritarismo.

 

O grande líder

O maior dos líderes é aquele que transforma pessoas comuns em vencedoras, utilizando técnicas de desenvolvimento de equipe, e dando apoio integral aos membros que a compõem. Cristo foi o maior dos líderes. Reuniu 12 pessoas simples e despreparadas (os apóstolos), com pouco estudo e conhecimento, e os transformou em gigantes da palavra, da ousadia e da espiritualidade. É um caso único.

 

Diz um ditado que “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. Aqui essa verdade é visível, porque Jesus olhou além das aparências. Ele enxergou nos discípulos  seus espíritos e os viu vitoriosos e cheios de força. É assim mesmo que Cristo e Deus enxergam a todos: como vitoriosos e bem-sucedidos. É essa uma das boas novas que Jesus veio anunciar ao mundo. “Em todas essas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou (Jesus)”. Romanos 8.37

 

O marketing de Jesus

Marketing, numa visão ampla, é definido como a distribuição, venda e propaganda de bens e serviços. O consultor americano John Jantsch dá um conceito mais específico de marketing que eu achei muito interessante: “Marketing é levar as pessoas que têm uma necessidade ou problema específico a conhecerem, gostarem e confiarem em você.” Essa definição se aplica a Cristo. As parábolas que ele contava, as curas que realizava, os ensinamentos que transmitia evidenciavam seu interesse em chamar atenção das pessoas para a nova realidade que ele pregava: a proximidade do Reino dos Céus, e a de que cada pessoa, sem exceção, tem o Senhor habitando em seu íntimo, e Jesus é o guia que abre caminho até Ele.

Os milagres praticados por Cristo visavam exatamente isso, chamar atenção para mensagem que pregava. “Se não virdes sinais e milagres, não crereis.” João 4.48.  Com essa atitude Jesus despertava a atenção sobre si e criava um vínculo de fé e confiança em relação à sua pessoa. Ele não encarava as curas, sinais e maravilhas como sendo seu principal objetivo. Tinham muito mais a intenção de fazer com que os receptadores dos milagres e as pessoas que os testemunhavam passassem a ter fé em Cristo e sua mensagem, e despertassem para a verdade.

 

Líderes mudam para crescer

Você faz coisas hoje que não tinha capacidade ou não sabia fazer antes. Você hoje sabe andar, mas quando bebê era incapaz de fazê-lo. O chão não mudou, porém você sim. Você hoje sabe ler, entretanto quando criança, não conseguia. A língua portuguesa não mudou, você sim. Quando adolescente Bill Gates não conhecia a linguagem do software, hoje ele o domina. O mundo não mudou, Bill Gates, sim. Jesus nos primeiros 30 anos de vida não fez milagres, depois dos 30, sim. Os milagres não mudaram, mas Cristo sim, quando passou a fazê-los. E ao mudar sua forma de agir, ele contribuiu decisivamente para a instituição de uma nova ética e de uma nova moral, alicerçada na espiritualidade. O verdadeiro líder muda e aprende as coisas necessárias para divulgar sua mensagem e protagonizar sua missão de vida. Esse princípio vale para todas as pessoas.

 

Há milhares de coisas que uma grande pessoa faz hoje e que não podia fazer anos atrás. Por que? Não foi o mundo que mudou. O que mudou foi a ideia que esta pessoa tinha de si mesma. As habilidades que você tem são uma forma de revelar as suas reais aptidões. Mas a sua real natureza é que você é um ser dotado de infinitas possibilidades. O problema não jaz no mundo. O problema é como você se reconhece nesse mundo. A forma  como você se percebe e interpreta a si mesmo é um sistema de valores. Mude seu sistema de valores, e suas escolhas, através da procura e descoberta de novas verdades, e você mudara o seu mundo. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. João 8.32.                             

É isto que Jesus veio fazer aqui na terra: conscientizar-nos da nossa real identidade e dotar-nos de ferramentas mentais, psicológicas e espirituais para transformarmos nossa vida numa nova existência de paz, força e realização espiritual. 

 

O cinema, a TV, a internet, os tablets e smartphones, dão às pessoas o que elas querem, mas Jesus dá às pessoas o que elas necessitam: renovação mental e espiritual. Mas quantos procuram por isso?

 

O líder empreendedor

O que caracteriza o empreendedor é a capacidade de agir, de fazer acontecer. Ele é impaciente por resultados. É lutador, monta empresas, faz delas um sucesso, porém nem sempre tem a capacidade de administrar o sucesso. É quando entram em cena os executivos, os administradores, gerentes e demais gestores, os quais sistematizam, coordenam e passam a organizar o empreendimento. Se não for assim, o sucesso do empreendedor poderá ser passageiro por falta de sustentação. Empreendedores e administradores dependem uns dos outros para sobreviverem no mercado. Conheci vários casos como esses, na condição de consultor empresarial, onde prestei assessoria a algumas organizações que estavam naufragando porque os fundadores, que eram os empreendedores, não sabiam como administrar suas empresas, não obstante a enorme capacidade de realização que tinham.

 

Cristo foi o maior de todos os empreendedores. Lançou as bases da multinacional de salvação das almas e restituiu ao ser humano a dignidade perdida. Ele agiu rápido. Era um homem de ação, de resultados práticos. Fez acontecer tudo isso em três anos e meio, e depois partiu, pois sua missão fora cumprida. Ao partir deixou a missão de sedimentar o evangelho aos apóstolos e discípulos mais próximos. A eles coube  – principalmente a Pedro e Paulo - a responsabilidade de divulgar a mensagem, formar o corpo da Igreja e administrá-la. Ao contrário, no entanto, dos empreendedores típicos, Jesus foi paciente com os erros dos  discípulos (perdoou a Pedro três vezes por tê-lo negado diante de seus algozes), além de ensinar e divulgar a Palavra a todos. E mais ainda, delegou-nos o imenso poder contido em seu nome. Que outro líder tem a visão, capacidade e coragem de delegar tanto assim?

 

Texto extraído e condensado do livro “O Maior Empreendedor do Mundo”, de Ernesto Artur Berg. (não publicado).

 

Ernesto Berg é consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 14 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos.

Editor do site www.quebrandobarreiras.com.br

Email: berg@quebrandobarreiras.com.br