Resenha: A Máquina que Mudou o Mundo

13/04/2010 09:06

 BIBLIOGRAFIA

 

WOMACK, J.P.; JONES, D. T.; ROOS, D. A Máquina que Mudou o Mundo. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus Ltda, 2004.   

               

 

 RESENHA CRITICA DA RESPECTIVA OBRA

 

O encadeamento dos elos que compõem uma cadeia de produção é diversificado e complexo. A presente resenha com base na obra: “A Máquina que Mudou o Mundo”, dos autores James P. Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos, nomes de grande referência internacional da Administração Industrial, propõem uma analise na transição da produção em massa para a produção enxuta. Relatando como as empresas podem melhorar radicalmente seu desempenho através do sistema de “Produção Enxuta”, usada como
ferramenta estratégica gerencial em todo o mundo
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         Um novo cenário que surge na filosofia da “Gestão Organizacional” e seus impactos provocados no contexto a partir do conceito de um novo processo de produção que surge e começa a espalhar pelo mundo. O Presidente do Conselho da Ford Motor Company explana: “Para que pagar somas altíssimas aos consultores? Basta ler este livro”.
          A sobrevivência das organizações depende de sua habilidade e flexibilidade de inovar e efetuar melhorias contínuas, que as direcionem para uma maior competitividade através da qualidade e produtividade. Neste cenário como entender o método de produção e seus impactos?  A sociedade é composta pelo conjunto de indivíduos que participam da vida econômica da nação, portanto, as pessoas participam diretamente da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços, esta participação é o eixo que move a vida econômica da sociedade. A indústria automobilística a cada ano produz aproximadamente cerca de 50 milhões de veículos novos, portanto, esta produção é mais importante para nos do que pensamos é preciso entendê-la melhor.

O conceito de produção da Administração Japonesa revolucionou o mundo, ao surgir à “máquina que mudou todo o mundo”. Surge uma nova visão para os administradores para combinar, redução de custos, qualidade e maiores lucros.

Peter Drucker, a mais de cinqüenta anos, denominou a Indústria automobilística como a “Indústria das Indústrias”. Muitas organizações em todo o mundo tentam implantar o sistema inovador de produção enxuta, porém surgem inúmeras limitações neste processo. Surge então à indagação, qual o segredo da produção enxuta? A abordagem deste sistema será feita em contraste juntamente com a produção artesanal e a produção em massa predominante naquele momento que foram substituídas no novo cenário da produção enxuta. Na Era da Revolução Industrial, a produção artesanal era constituída por trabalhadores altamente qualificados, usando ferramentas manuais, fabricavam cada produto de acordo com as especificações do comprador em larga expansão, os produtos eram feitos um de cada vez, agregando assim certo tipo de valor; logo surgiu a “Produção mecanizada” e substitui a produção artesanal garantindo assim uma posição elevada para as empresas emergentes que surgiam na produção em escala e aquecidas para produzir em grande quantidade para consumo.
               Na obra, A Máquina que mudou o Mundo, amplia - se esta idéia articulando este modo de produção muito expandido e disponibilizando produtos a preços baixos e de fácil aquisição para consumo. Para Ford produzir carros de fácil aquisição para todas as classes inclusive seus funcionários utilizou uma alta proporção no uso de máquinas em relação ao número de trabalhadores que executavam as atividades ao mesmo tempo o que proporcionava um custo menor na mão de obra e desenvolvia elevada produção se preocupando com o tempo ocioso que deveria ser evitado a todo custo, pois é alto o custo do investimento em máquinas para as fábricas, este fator estabelecia barreiras para a adaptação rápida na fabricação de novos modelos dos produtos da linha e na diferenciação em cores.
               Portanto, consequentemente o consumidor beneficia-se de preços baixos em prejuízo da disponibilidade de variedade. Em pouco tempo, a oferta de produtos começou a superar a procura, o aumento de concorrência neste mercado levou a redução gradativamente da padronização, no sentido que novos modelos, variedades de cores e conforto eram introduzidos de maneira muito rápida no mercado. Portanto, como competir com este cenário? Surge neste momento à indústria japonesa para mostrar ao mundo como produzir automóveis de maneira diferente agregando maior qualidade e redução de custos na produção. Nos anos 40, Ohno foi diretor da Toyota e durante esse período a empresa estava à beira da falência e, por isso, não poderia fazer novos investimentos em equipamentos e novas invenções.  
               Nascida nos anos 50, momento de reestruturação do Japão após as guerras mundiais das décadas de 20 a 40 surge à empresa automobilística, Toyota Motor Company, criada pelo engenheiro Taichi Ohno, considerado o maior responsável pela criação revolucionária do “Sistema Toyota de Produção”, popularmente conhecida como Just in Time. A administração japonesa teve seu início no chão da fábrica, nos setores operacionais da manufatura, com a “filosofia Toyota”, ou seja, Lean Enterprise que visava fundamentalmente evitar qualquer tipo de desperdício e de promover o melhoramento contínuo no modo de produção.
               A questão para os japoneses era buscar a implantação de um novo método para a produção de automóveis no Japão para competir com o mercado global. Neste momento surge a “Produção Enxuta”. A produção enxuta teve em cenário a partir da década de 1980 como um sistema de manufatura com o objetivo de aperfeiçoar os processos e procedimentos na produção visando redução continua de desperdícios alinharem o processo e criar valor para o produto de acordo com as necessidades do cliente. Os fundamentos baseavam – se na qualidade e a flexibilização durante todo o processo, sendo alimentado por feedback imediato, tornado o trabalho mais satisfatório e transformar o desperdício em valor,  assim ampliaram as portas do mercado automobilístico para a indústria automobilística japonesa.
         Neste momento voltamos à questão, o que explicaria poucas empresas ter o sucesso da Toyota?

 Primeiro passo é preciso entender o sistema e a filosofia da empresa para atingir o foco nas ferramentas estratégicas. Às vezes este processo exige mudanças radicais dentro da organização mudanças na mentalidade e valores na cultura organizacional; a limitação é que cultura é difícil de mudar.  A partir deste estudo geral da administração japonesa percebemos as características que fazem o diferencial no processo de produtivo que ensinou o mundo como produzir a “Máquina que Mudou o Mundo” na indústria internacional.
         Shigeo Shingo identificou e traçou os sete tipos de desperdícios para o Sistema Toyota de Produção, ele apontou os seguintes: (1) Superprodução; (2) Espera: longos períodos de ociosidade de pessoas, peças e informações; (3) Transporte Excessivo: movimento excessivo de pessoas, informação ou peças resultando em dispêndio desnecessário de capital, tempo e energia; (4) Processos Inadequados: uso errado de ferramentas, sistemas e procedimentos; (5) Inventário Desnecessário: armazenamento excessivo e falta de informação ou produtos, resultando em custo elevado; (6) Movimentação Desnecessária: desorganização do ambiente de trabalho e (7) Produtos Defeituosos: problemas de qualidade e entrega.   Todos estes fatores desagregam valor no produto e foi esta visão que a Administração Japonesa buscou solucionar para poder ganhar nova fatia no mercado automobilístico.
               Uma das estratégias da produção japonesa foi voltar-se para uma gestão fortemente baseada na participação direta dos funcionários, sendo a produtividade e experiência voltada para a tarefa. O planejamento estratégico estendia a abordagem de varias características, dentre elas á Administração Participativa, constituída na forma participativa de gestão, envolvendo participação dos funcionários no processo decisório, em negociações de metas, trabalho em equipe, liderança e participação nos resultados. Através desta flexibilidade, era possível atender as necessidades de seus clientes e conquistar a fatia dos clientes da concorrência. Os japoneses enxergavam a empresa como “Visão Sistêmica”, a empresa é um sistema, o desempenho de cada membro constituídos do sistema é considerado, pois contribui para os objetivos propostos de forma eficiente e eficaz atendendo as necessidades da organização.
               Outra característica que marca a Produção Enxuta é a busca pela qualidade total na produção. Para garantir a qualidade total é assegurada pelo “Controle de Qualidade Total (TQC)”, iniciado na alta gerência e estendendo-se aos operários, os fornecedores e consumidores externos.  O sistema é voltado ao melhoramento do desempenho administrativo através do método estatístico. O objetivo é garantir a qualidade, a redução dos custos, entrega dentro do prazo previsto e o desenvolvimento de novos produtos. A “Limpeza e arrumação” é responsabilidade de todos que forma a organização, visando melhorar a manutenção do ambiente e  agilizar o melhor aproveitamento de recursos.

A “Manutenção” caracteriza a responsabilidade dos operadores pela manutenção básica, por exemplo o operário ao deparar com um processo errado o operário tem autonomia para interromper o processo para garantir a maior qualidade no produto final. Ressaltando a “Supremacia do Coletivo”, o ser humano é visto de forma valiosa, o trabalho coletivo prevalece sobre o individuo, direcionando o trabalho para metas compartilhadas. A ênfase na área de “Recursos Humanos” é o desenvolvimento do trabalho em grupo, baseado na cooperação, desta forma á um maior aproveitamento do potencial humano e redução do esforço físico dos funcionários, fazendo a diferença no dia a dia da empresa.
               Através da implantação de “Tecnologia e Padronização”, buscam-se o equilíbrio entre máquina, produção e ser humano. Para garantir o fluxo continuo de produção é preciso padronizar o trabalho, garantir à racionalização do processo e consequentemente a automação. A racionalização do espaço destaca a característica “Flexibilidade”, o nivelamento e seqüenciamento da produção em pequenos lotes, com redução de estoques e constituídos por trabalhadores qualificados e flexíveis, com visão aberta para as novas tendências do mercado.
               A “Produtividade” é o objetivo de todas as organizações, a Administração Japonesa propõe adotar a visão cooperativa de trabalho, através de incentivos para envolver todos da empresa em prol de atingir as metas da empresa, em que um dos incentivos é monetário e assegura maior produtividade. Estas características fornecem o mapeamento de fluxo de valor dentro da empresa para atingir os objetivos de filosofia organizacional e a visão da empresa como um todo, suporte estratégico de auxilio para a tomada de decisão.
               Por fim, diante de inúmeros métodos e análise de processos percebe-se a contribuição da Administração Japonesa para o mundo. O modo de gestão de recursos e processos com a combinação de redução de custos e elevação da qualidade marcou a indústria.  Em um país marcado pelas cicatrizes da guerra mundial ouve o despertar sobre o reconhecimento do papel estratégico da manufatura. Os japoneses sobressaíram à frente do resto do mundo na guerra prevalecida da indústria automobilística. Contudo, ainda temos que aprender muito com a cultura oriental para dar esse salto dentro das organizações, pois, a indústria caminha para a especialização e na criação de produtos que logo serão ultrapassados.

Por:

Nayara Nogueira Silva